imagens e sombras de santa maria madalena na literatura e arte portuguesas

- a construção de uma personagem: simbolismos e metamorfoses - helena barbas - fev.2003

 

[] António de Abreu (O Engenhoso), 1579 ?

 

 À Madalena [1]

 

Com Alabastro de precioso unguento

Na casa de Simão Maria entrou

E sobre Jesu todo o derramou,

Lagrimas aos pés seus chorando cento.

 

5       Ó engano do humano entendimento!

Toda a casa santa obra mal julgou,

Só Christo a defendeo, só a louvou

Por Exequias do seu enterramento.

 

Ó Porfetiza rara, em cujo espirito

10     O amor do Christo entrou de tal maneira,

Que firme te fez ser, como era escrito!

 

Tu foste a immortal pedra, e verdadeira,

Aondo o nome seu ficou escrito,

Tu quem o viste ao Ceo subir primeira.

 

[]

 


[1] In Obras Inéditas de António de Abreu, amigo e companheiro de Luiz de Camões no Estado da Índia fielmente extrahidas do seu antigo manuscrito, que possuimos em papel asiático, (Lisboa: Na Impressão Régia, 1807), pp.13;