imagens e sombras de santa maria madalena na literatura e arte portuguesas - a construção de uma personagem: simbolismos e metamorfoses - helena barbas - fev.2003 |
[] Maria José da Silva Canuto – 1878 [1]
Madalena
A que outrora opulenta e radiosa
de beleza e de amor não saciado,
leito ebúrneo, de arminhos recamado,
a seus cultos sagrara caprichosa.
5 Ei-la – aos pés de Jesus – tão lacrimosa!
de odorífica unção lhos tem banhado,
com áureas madeixas enxugado.
Esplêndida na dor! Sempre assombrosa!
A que outrora aos murmúrios respondia
10 de menestréis acordes com harpejos,
que a seus festins opíparos reunia.
Muda as turbas perpassa, ouve os motejos,
Amor celeste a mente lhe alumia;
pranto e morte fixaram seus desejos.