imagens e sombras de santa maria madalena na literatura e arte portuguesas - a construção de uma personagem: simbolismos e metamorfoses - helena barbas - fev.2003 |
«Gosto tanto de ti...», dizes. É pouco.
É das tuas mãos erguidas que eu preciso.
Vê bem, amor: não é orgulho louco.
Para os outros eu sou apenas riso.
5 Unge-me de perfumes, minha amada,
Como certa Maria de Magdala
Ungiu os pés d'Aquele cuja estrada
Só começou para além da vala.
Ama-me mais ainda, ó meu amor
10 Como aquela mulher ungiu o Cristo
Unge o meu corpo todo, a minha dor...
Ela ungiu-o p'ra o túmulo, p'ra a Cruz.
Unge-me teu, p'ra o Sol por quem existo:
Viver é ir morrendo a beijar a luz.