A queda de Roma
Os pilares são martelados pelas ondas;
Num campo isolado a chuva
Chicoteia um comboio abandonado;
Malfeitores enchem as cavernas da montanha.
Fantásticos avultam os trajos da noite;
Agentes do Fisco perseguem
fugitivos evasores fiscais através
dos esgotos das cidades de província.
Privados ritos de magia põem
As prostitutas do templo a dormir;
Todos os literatos mantêm
Um amigo imaginário.
O cerebrotónico Catão pode
Exaltar as antigas disciplinas,
Mas os fuzileiros musculados
Amotinam-se por comida e soldo.
A cama de casal de César está quente
Enquanto um funcionário menor
Escreve EU NÃO GOSTO DO MEU TRABALHO
Num documento oficial cor-de-rosa.
Desprovidos de riqueza ou piedade,
Passarinhos, de pernas escarlate,
Chocam os seus ovos pintalgados
Olhando as cidades infectadas com gripe.
Todas juntas noutro lado qualquer, grandes
Manadas de renas movem-se através
de milhas e milhas de musgo dourado,
Silenciosamente e muito rápidas.
[Trad. H. Barbas 4.Jun.2011]