Foi dia 9, na FNAC, que Carlos da Veiga Ferreira apresentou uma nova chancela da sua responsabilidade: a Teodolito. Manteve a inicial da outra casa por ele dirigida, a Teorema, adquirida pela Leya. Conheci e acompanhei o trabalho da Teorema durante muitos anos, e fiquei muito zangada quando ele a vendeu. Este seu regresso ao terreno por conta própria numa altura em que practicamente todas as pequenas editoras foram devoradas pelo Grande Capital, dá-me alguma esperança.
Muitos acham que basta ir ao supermercado comprar uma resma de papel e uma bic, ou um laptop, para se escrever um romance. Mas a LITERATURA com maiusculas e a sério nunca se compraz com facilitismos nem ignorâncias. Pede muita pestana queimada, muito rascunho. Não se compra e não se faz ao quilo.
É evidente que a massificação nas grandes editoras lhes coloca um dilema – ou publicar os nomes já consagrados, ou o «best-seller» do momento; como têm que cumprir objectivos, marcha tudo o que é escrito por cão e gato. Não percebem que não podem controlar as cabeças, nem impingir eternamente gato por lebre. Fica de fora o investimento na paciência de ler manuscritos, e o risco de publicar desconhecidos pouco recomendados ou recomendáveis.