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O País da Massa Folhada

Uma das características da massa folhada são as camadas, que se sobrepõem e acumulam para fazer o bolo, assim entre o pastel de nata e o mil-folhas. É com esta lógica que já começaram a ser lidos os resultados destas eleições. As «bases» votaram, mas não são de fiar. E da nata das elites vem, alto e bom som, que as autárquicas «não interessam nada» – estivemos só a votar no «poder local» e pelas gentes do bairro. Como se as pessoas que vivem nas autarquias não fossem as mesmas que votam nas legislativas.
Referi por aí algures (21/10/2012) que continuávamos a alimentar, por ignorância ou ingenuidade, o círculo vicioso em que deputados – e partidos – assim que entravam no poder se incrustavam e cartelizavam, não deixando espaço para independentes e renovações.
A grande novidade destas autárquicas de 2013 é que o círculo vicioso foi quebrado – em grande – a começar pelo Porto. A segunda é que os dinossauros foram fintados pela sabedoria popular – chame-se-lhe castigo ao governo ou o que se quiser, o facto é que o chico-espertismo de tourear a Lei do Limite de Mandatos não aproveitou a ninguém. A terceira é o regresso em força do PC. Portugal está a avermelhar – ruborizado de vergonha ou de indignação – e começou pelo Sul. De onde vinham as revoltas populares, que fizeram com que Salazar adiasse até aos limites a feitura da ponte; onde aconteceram as maiores expropriações depois do 25 de Abril. Os tempos agora serão outros. Nestas primeiras eleições em era de Troikas, há uma enorme maturidade que também está a saber usar a democracia para começar a pôr ordem na casa.

Mapa das Eleições autárquicas de 2013 - no Público

Mapa das Eleições autárquicas de 2013 – no Público

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