Horas de fecho
Este rasto, se existir, é esmola para o desapontamento.
Um arco desdobra-se a partir do chão
perfumado com o aroma de uma tapeçaria, aqui alojados.
Lembro-me da hora, mas não de ter passado
Salvo que o sonho a prenda e amarre ao sono:
um guia gordo sorri, leva-me até à torre
de onde posso assistir às partidas.
Mas alguns dias sucede em que nada
cruza o horizonte; por mais que olhe, nenhuma estrela
agulha o ar. Agora sou deixada
na periferia de uma floresta embainhada pelo trigo
onde árvores corpulentas escondem a imagem, a simetria
projectada e soprada ao longo do chão como penas.
O unicórnio, o Graal, asas azuis e vermelhas
de músicos ajoelhados, ficaram bordados
noutro lado. A Perseverança foi coroada.
A Esperança e a Piedade oraram pelo sucesso.
Qual é a abertura desta câmara? Pode captar um rasto?
Houve uma viagem. Quatro cavalos montados
Lutam contra os séculos.
A cada um é destinado: poeira levantada, fumaça, plumagem.
[Trad. livre H. Barbas 2.Dez.2014]
Ann Lauterbach – “Closing Hours” from Before Recollection. Copyright © 1987 by Princeton University Press. http://epc.buffalo.edu/authors/lauterbach/