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Incongruências

Decidi abrir uma nova categoria chamada «Estamos Todos Parvos Ou Quê?». Foi-me inspirada pelos últimos eventos e pelo sentido de Estado que demonstram.
– O OE2013 tem que ser aprovado se não ficamos como a Grécia. Se o OE2013 for aprovado, ficamos como a Grécia.
– No FMI Lagarde diz: Desculpem lá qualquer coizinha que a gente enganou-se; o representante para Portugal diz que tem que continuar tudo na mesma.
– Corre por aí que vamos também ter que pagar juros sobre dinheiro emprestado «e não usado». O OC2013 tem que ser aprovado porque o dinheiro que há não chega e temos que evitar pedir segundo resgate.
– O Presidente da República não diz nada, mas escreve uma mensagem no Facebook. Manuela Ferreira Leite vem agravar: «Ficamos sem déficit, mas estaremos todos mortos». Nós até acreditaríamos se já nos tivéssemos esquecido de Manuela como ministra das Finanças.
– Passos Coelho, no Conselho Europeu, resolveu não falar de Portugal – se calhar teve ordens para não se associar à Grécia – e a Espanha. Na declaração televisiva para «fora» Diz que os políticos se enganam. Na declaração para «dentro» afirma que se trata de uma evidência de La Palice. E ninguém diz nada. (E ninguém lhe diz que «fora» e «dentro» televisivamente não existem).
– Entretanto, Tó Zé Seguro – ficou muito entusiasmado com o sucesso dos Açores e ninguém lhe diz que se fosse ele a votos por cá iria ter um grande desgosto apesar das sondagens amigas. Vai a França falar com Hollande, e à Alemanha. E o Ministro dos Negócios Estrangeiros não diz nada.
– O CDS-PP ficou em crise. Durante dois dias não diz nada, e manda cá para fora um papel sem logotipo, sem data, sem assinatura. Depois vem o Presidente do Partido ? – ou o Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros ? – dizer que afinal vota o OC2013.
– Em denegação, PSD e CDS mandam as suas porta-vozes femininas acalmar o povo e dizer que não há crise.
– Jerónimo, embriagado com o sucesso das previsões e das manifs, em vez de perguntar a Arménio Carlos como é que se faz e preparar o PC para subir um ponto na escala, resolve ir roer os calcanhares do CDS.
– Pinto Monteiro teve uma série de processos interessantes a tratar durante o seu mandato (i. e. as gravações sobre Sócrates?) e não disse nada. Agora, que já foi substituído, manda cá para fora gravações sobre Passos Coelho.
– Mário Soares – neste momento um vulgar cidadão? – vai para França chamar nomes ao Governo sem ninguém lhe encomendar (espero). E até agora ninguém disse nada.
– Jardim Gonçalves (já absolvido? e reformado) vem informar que o PS deve ir para o Governo – quer uma bancada de maiorias. E ninguém diz nada.
É por estas e por outras que digo que temos um governo muito analógico. Só estou à espera de logo à noite para ver como é que isto tudo vai aparecer na EuroNews, e se os mercados não vão ficar «nervosos» – eu já estou.

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