Para o Financial Times a imensidade do aumento de impostos que o «povo mailindo» vai ter que suportar é inevitável. E dizem: «a única forma de Portugal seguir em frente, será encontrar uma forma de andar na corda-bamba». Temos aqui uma amostra dos problemas de semântica – a tal falta de comunicação – de que todos nos estamos a queixar. É que na corda-bamba já andamos desde 2008, e ninguém ainda tinha dado por isso. Daqui para a frente vai ser mais assim:
Outro problema de semântica é a metáfora muito literária de «estar teso»: para os europeus do norte, e alguns dos nossos políticos, quer dizer ter o dinheiro a prazo preso num banco (cá dentro ou lá fora) e não lhe poder mexer para não perder os juros, ou vir a receber juros mais baixos. Para a grande maioria dos mailindos há muito que significa não ter dinheiro para comer. As lojas do chinês já foram substituídas por mercearias que vendem fiado; há hortas nos baldios; e até os supermercados deram por isso com os mais elegantes cartões «oxigénio».
Entretanto Gaspar e seus Amigos vão passando a patacos o resto do património que ainda tinha escapado – libertando-nos das raízes, do peso das propriedades que nos poderiam vir a servir de moeda de troca para os empréstimos. Estamos entalados. Espera-nos um país desertificado pela emigração dos competentes (por conselhos de Cavaco), sem velhos nem doentes por apuramento darwiniano (segundo o ministério de Paulo Macedo), tornado um enorme campo de golfe e cemitério dos inglesinhos – pela Mente Brilhante do Álvaro, conhecido lá fora como o homem do «portuguese pie franchizing» ou seja, da exportação do pastel-de-nata. Desta é que nem Nossa Senhora de Fátima nos vale.