Entre a chegada do voo P202 da TAP proveniente de Bissau dia 10 e os excertos da entrevista de Passos Coelho de dia 12, não me sai da cabeça a canção de Otis Reding pela voz de Aretha Franklin (1967) – Respect:
E falemos do RESPEITO. Vem do latim (re+spicere – re-olhar para trás) e implica ter em consideração o que foi determinado no passado: manter uma promessa, um contracto, honrar as regras do jogo. No OED define-se: é a consideração devida pelos sentimentos, desejos ou direitos dos outros.
Para alguns um Direito Humano, o respeito é vital para as organizações sociais porque dá valor às regras e às leis concebidas no passado. As comunidades existem porque os seus membros se comprometem a conformar-se e obedecer a essas leis – daqui as legislações nunca poderem ser retroactivas. Os seres e as nações têm o direito a ser respeitados: a serem ouvidos, tratados com consideração, com dignidade.
Sem respeito pelas leis democráticas as forças do poder, e da ordem, não podem exercer a sua autoridade natural, descambam para a coerção. Sem respeito pelas instituições – como um TC ou a Constituição – uma democracia perde o seu sentido e cai no anarquismo ou na ditadura.
Em termos individuais o respeito merece-se – ou ganha-se – quando a rememoração dos actos de um indivíduo mostra que são dignos de ser recordados: pela coerência, inteligência e integridade. O respeito pelos cabelos brancos foi merecido porque os velhos ultrapassaram as dificuldades da vida, educaram a geração presente, e as seguintes, transmitindo as suas experiências e saberes.
Para os cientistas sociais, respeito e admiração são mais importantes para os indivíduos do que o estatuto social ou dinheiro. Por aqui, sem estatuto, sem dinheiro, sem emprego, e sem qualquer respeito por parte dos chefes, parece que só mereceremos algum pouco por via do futebol – e mesmo assim foi preciso que Ronaldo, por si, impusesse o seu respeito à FIFA.