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Um poema de Amiri Baraka

KA ‘BA

Uma janela fechada sobranceira
olha um pátio sujo, e os negros
a cruzar apelos, gritos, atravessam-no
desafiando a física com a torrente da sua vontade

O nosso mundo está cheio de som
O nosso mundo é mais belo que qualquer outro
embora soframos, e nos matemos uns aos outros
e às vezes nos falhe andar no ar

Somos gente bela
com imaginações africanas
cheios de máscaras, danças e cantos empolgantes
com olhos africanos, e narizes, e braços,
que se abrem com grilhões cinzentos num lugar
cheio de Invernos, e só queremos o sol.

Fomos capturados,
irmãos. E labutamos
para ser livres, para transformar
a imagem antiga, numa nova

correspondência connosco próprios
e com a nossa família negra. Precisamos de magia
precisamos agora dos sortilégios, para nos erguermos
regressar, destruir e criar. Qual será

a palavra sagrada?

[KA ‘BA de Amiri Baraka (LeRoy Jones)
trad. H. Barbas 14.Maio.2011]

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