imagens e sombras de santa maria madalena na literatura e arte portuguesas - a construção de uma personagem: simbolismos e metamorfoses - helena barbas - fev.2003 |
[] António da Fonseca (Soares)/ Fr.António das Chagas [1]
A hua moça lavando
Romance.
A lavar a roupa ao rio
vai Magdalena da praça
curta um tanto da vasquinha
Descalça pela calçada
5 Em que vai de pedra em pedra
leva os branco pés com lama
Prata com lama parece
Tela com lama de prata.
O cargo leva a cabeça
10 De baixo as douradas tranças
quem do ouro faz rodilhas
Mal fará caso de nada.
Chega ao rio, que suspenso
Pasma, e de vê-la pára
15 Por ser ela mais corrente
que a mesma corrente d’água
Lava as delgadas camisas
que na calenda passada
Me pôs para não perdê-las
20 Não sei que sinal de nácar
De um gibão de riscadinho
Pega, donde a vista acha,
Tantos riscos no lavar,
Quantos, quando ela os lava. /Fol. 122
É grande a carga de roupa
25 que a um tempo enxuga, lava
com por-lhe os olhos
com por-lhe as mãos faz alva
Estribilho:
Lavandeira bela
De rosto tão lindo
O rio corrente
De vos se vai rindo.
Lavai essa roupa
Lavandeira bela
Batei-a no peito
que é mais dura pedra