Laura de Anfriso de Manuel da Veiga Tagarro

- poesia e história - helena barbas - Maio 2003

 

 

  [I - O Autor e o Mecenas]

 

   3. O Mecenas-Narratário

   i - Conclusões prévias

 


]  3. O Mecenas-Narratário [

      Laura de Anfriso tem como principal destinatário um D. Duarte de Bragança, no momento em que existiam dois indivíduos com o mesmo nome. Todavia, e independentemente do Duarte a quem a obra, no seu final, tenha sido dedicada nomeadamente, aquele a que se refere a Epístola Dedicatória (e para além da hipótese, que se tentará provar no ponto quarto deste trabalho, de que existe um duplo mecenas), desde já se afirma que, sob a personagem de Anfriso se oculta o Marquês de Frechilha, irmão de D. Teodósio II de Bragança, que tem sido confundido com o segundo filho do Duque, o irmão do futuro D. João IV.

            Sabe-se que, no período filipino pelo menos, os segundos varões dos Duques de Bragança receberam o nome de Duarte. Este facto, associado à importância dispensada pelos Filipes aos Bragança, e ao uso do título de "Excelência", pode dar origem à confusão num só de indivíduos distintos. Assim, parece pertinente, neste momento, elaborar uma sumária  árvore genealógica daquela família para o período:

 

 

 

D. Leonor

de Mendonça

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D. Jaime

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

D. Duarte

1515?-1558

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1536

D. Isabel

D.Teodósio

¥

D. Isabel

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

D. Beatriz

D. Catarina

1540-1614

¥

 

D. João

1543-1582

 

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D. Jaime

?-1578

Alcácer-Quibir

 

D. Isabel

¥

 Duque de

Caminha

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ana Velasco

?-1607

¥

1604

D.Teodósio II

1568-1630

 

D. Duarte (Frechilha)

1569-1627

¥

1596

D. Brites/Beatriz

de Toledo

D. Alexandre

† 1608

 D. Maria

 

 

 

 

 

 

 

 

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D.Guiomar

Pardo y Tavera

D. Filipe

† 1608

 D. Angélica

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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 D. Querubina

Luisa Gusmão

¥

1632

D.João (IV)

 D.Duarte (Guimarães)

(1605/10-1649 Milão

D.Catarina

D. ALexandre

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 D. Serafina

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Teodósio

1634-1653

Ana

1635

Joana

1636-1653

 

Catarina

1638-1705

Manuel

1637-1706

 

Afonso VI

1643-83

 

Pedro II

1648-1706

 

Tentando resumir e organizar as informações conseguidas em  António Caetano de Sousa e D. Francisco Manuel de Melo, constata-se que D. Duarte Duque de Frechilha é o quarto filho, o segundo varão, de D. João (1543-1583), sexto Duque de Bragança (1563), e de D. Catarina (1540-1614),  irmão de D. Teodósio II, tendo nascido a 21, e sido baptizado a 29 de Setembro de 1569 (ou nascido a 20 de Outubro de 1569) [1] e morrido em Madrid, a 27 de Maio de 1627, de um ataque de asma. Pretende ser enterrado em Vila-Viçosa, junto de seu irmão, mas parece ter ficado no «... côro de S. Domingos Real em Madrid, convento de freiras Beneditinas, e no mesmo lugar onde estivera o corpo de D. Carlos, príncipe de Castela[2].

      Quando em 5 de Dezembro de 1581 o Duque D. João vai a Elvas receber Filipe II, é acompanhado pelo Duque de Barcelos, D. Teodósio, e apresenta ao rei os seus outros dois filhos, D. Duarte e D. Alexandre. Depois da morte de D. João, numa das primeiras visitas que D. Teodósio faz a Lisboa ao Arquiduque Alberto, por motivo das questões com D. António e os Ingleses em 1589 vem também acompanhado de seu irmão:

...tomou-lhe o Duque D. Teodósio a visita (Arquiduque Alberto) debaixo do dossel, ficando a sua cadeira, e a de seu irmão, que erão todas iguaes, dentro da alcatifa; e quando o Arquiduque sahio, o acompanhou até à escada, dando alguns passos nella, e seu irmão o senhor D. Duarte baixou até à porta da rua. [3]

Este comportamento parece indiciar uma sucessão hierárquica que é interpretada do seguinte modo por D. Francisco Manuel de Melo:

Duarte criara-se no meio de grandes esperanças de Príncipe, nenhuma maior do que a virtude que as determinava, porque muitos, durante muito tempo, supuseram Teodósio desejoso de passar ao irmão a condição, os encargos e as esperanças. Por ordem do rei D. Filipe casou com D. Beatriz de Toledo, marquesa de Jarandilha, filha herdeira de D. Fernando Alvares de Toledo, conde de Oropesa... D. Filipe II, movido talvez por sua consciência ou grato às excelentes qualidades de D. Duarte, seu sobrinho, instituiu na sua pessoa o marquesado de Frechilla, com vassalos e rendas conforme o foro daquela coroa. [4]

De facto, o marquesado de Frechilha é instituído de acordo com o proposto nas mercês de Filipe II à Casa de Bragança [5]:

o primogénito teria direito ao ofício de Condestável, que em caso de morte passaria para o segundo filho, depois herdeiro e sucessor da casa de Bragança; o segundo filho varão teria direito a um lugar em Castela de cerca de mil vizinhos, bem como quatro mil cruzados de renda, com o título de marquês. D. Duarte recebe por mercê as villas de Frechilha e Ramiel, «Behetrias do districto adiantado de Castela em o partido de Campos.», mais os quatro mil cruzados de renda perpétua, por doação de Filipe II, datada de Valladolid, 6 de Julho de 1592 - tinha 23 anos [6].

      Destas mercês faz também parte o tratamento por "Excellência", privilégio exclusivo à Casa de Bragança concedido por Filipe II quando da sua visita a Portugal em Dezembro de 1581 e a pedido de D. Catarina. Tagarro dirige-se ao seu mecenas usando o tratamento de «Excellentissimo Principe...».

      Sabe-se que D. Duarte passa grande parte da sua vida em Castela, tanto na corte como nas suas terras. Casado em 25 de Fevereiro de 1596 com D. Brites ou Beatriz de Toledo Monroy y Ayala, herdeira da casa de Oropeza, Marquesa de Jarandilha, aí vive até à morte de sua mulher. Dela tem apenas um filho, segundo D. Francisco Manuel, e três segundo A. Caetano de Sousa: D. Fernando Alvares de Toledo, em 1597, Marquez de Jarandilha aos dois anos de idade, e Marquês de Oropesa em 1619 por renúncia de seu avô. D. Fernando morre jovem, com 27 anos (1624), deixando como herdeiros do seu casamento com D. Maria Pimentel, a João Alvares de Toledo y Portugal, D. Duarte Fernando, e D. Mariana Engrácia de Toledo y Portugal, Marquesa de los Velez, (que vem a ser proposta como noiva a D. João V). Os outros dois filhos de D. Duarte são, segundo Caetano de Sousa, D. João de Toledo, e D. Francisco de Toledo, tendo o último morrido jovem.

      Dos seus títulos e actividades em Espanha sabe-se que foi Comendador de Castelnovo, Alferes Mayor da Ordem de Alcântara, Gentil-homem da Câmara de Filipe III e depois de Filipe IV. Segundo D. Francisco Manuel, o Rei Filipe III:

...tanto obrigado pelo sangue como pela virtude e mérito de seu primo: nomeou-o em segredo Vice-Rei de Nápoles, o que fez crescer a inveja de outros, levando-os a persuadir o Rei de que não convinha afastar para longe de si, e ainda menos entregar-lhe grande poder, àqueles em quem lembrança de coisas passadas podia acordar esperança ou desejo de outras futuras. Com a mesma fortuna foi depois escolhido para aio do príncipe D. Filipe, agora Rei, – mas, como a emulação de palacianos e validos era a mesma de antes, não alteraram êles a sua atitude apesar de serem diferentes as causas.

      Assim passou D. Duarte alguns anos na Corte de Espanha, - sem encargos, mas fazendo-se amar de todos por sua categoria e liberalidade. O aplauso dos que o mantinham ocioso era para ele a maior injúria. [7]

Será aqui de ter em conta o comportamento de Filipe II para com D. Teodósio, quando da libertação deste que, com 11 anos, ficara refém em Alcácer-Quibir: solto em 27 de Agosto de 1579, é retido em Ceuta pelos castelhanos com "festejos" para celebrar o seu resgate, onde recebe a notícia da morte do Cardeal D. Henrique (31 de Janeiro de 1581). Ainda no resto do percurso, Filipe dá instruções a Medina-Sidonia para que o retenha na Andaluzia, com festas em todas as cidades, o que leva a um protesto do Duque seu pai, D. João [8]. Considerando, pois, o comportamento dos Filipes, a longa estadia de D. Duarte em Espanha revela-se  como um estratagema político para "conservar" seguro numa «prisão de rosas» como lhe chama Tagarro um herdeiro em segundo grau à coroa de Portugal que, simultaneamente, serve de refém para manter na ordem e controlar o primogénito. Este é um processo de actuação já antigo [9], senão veja-se o que vem a acontecer com o seu sobrinho, D. Duarte, irmão de D. João IV, quando da Restauração: preso na Flandres, é levado para Milão onde é assassinado.

      Regressando a D. Duarte de Frechilha, sabe-se que esteve em Portugal, em 1604, quando do baptizado de seus sobrinhos, D. João, Duque de Barcelos, em 18 de Março de 1604, e de D. Duarte, de quem é padrinho em, 30 de Março de 1605. Mas estes dois momentos são definidos como "visitas", diferentes portanto de uma estadia mais longa em que terá tido oportunidade de criar uma pequena corte durante alguns anos em Évora, provavelmente por volta de 1618 [10] e talvez até 1621, data da subida ao trono de Filipe III de Portugal.

      Teria, entretanto, sido chamado a Espanha, onde casou segunda vez com D. Guiomar Pardo y Tavera, marquesa de Malagon [11] título concedido por Filipe III ao pai, D. João Pardo y Tavera. Deste casamento não há descendência:

Reinava já então em Espanha o rei Filipe III que chamou D. Duarte dando-lhe novo estado e o título de Grande que ele esperava obter, não por favor do rei, mas por morte do conde de Oropesa, seu sogro. Só o neto, porém, recebeu esse título de seu avô, por D. Duarte ter morrido antes do sogro. [12]

Subindo ao trono Filipe IV, este nomeou-o conselheiro de Estado e gentil-homem da sua Câmara sem exercício: «Nesta perigosa condição de homem da corte, cada vez com maior favor e segurança se manteve D. Duarte até à morte[13]

      Durante a sua longa estadia em Espanha, o Marquês de Frechilha terá desempenhado uma série de funções de carácter diplomático, organizando festas e jogos de canas na canonização da Rainha Santa Isabel, e em 1623, na vinda a Madrid de Carlos I [14] então príncipe de Gales mas intervindo também em negócios de carácter mais sério, como o tratado com o legado Papal Francisco Barberini, que Urbano VIII lhe agradece por Breve de 3 de Janeiro de 1627. E  sobre ele diz ainda Caetano de Sousa:

...e foy excellente poeta no tempo, em que em Hespanha florecerão celebres engenhos: pelo que no Certamén Poético, que fez na Ordem Terceira de Madrid nas festas da Canonização da Rainha Santa Isabel, sua Real ascendente, foy­o Senhor D. Duarte Juiz do Certamen, sendo seu adjunto Lope de La Vega e Carpio, como refere huma relação destas olenidade impressa em Barcellona no Anno de 1625.

      Lope de Vega foi hóspede em Vila Viçosa, a cuja tapada dedicou um poema [15] onde, sob o mito dos dióscuros, aparece uma primeira referência ao irmão de D. Teodósio:

   Sí alli se mira Castor abrazado

con Pólux, ya fu‚ tiempo en que se vía,

generoso Duarte, en ti cifrado

más fraternal y ilustre compañia;

                        (vv.305-8)

Estes versos referem a morte de D. Ana de Castela 1607 (v.467 e 659) e vão «pronosticando alegres bodas/ al generoso duque de Barcelos» (vv.475-6), apontando para um provável noivado do segundo filho de D. Teodósio, que não consta tenha casado. O facto de se lhe dirigir pelo título de Barcelos, confirma que o poema foi escrito depois da morte de D. Duarte de Frechilha, que vem a ser mencionada nas estrofes seguintes, dedicadas à exaltação da dinastia de Bragança:

   Mas como en el grande duque de Barcelos,

Duarte, y Alejandro deja al mundo

parte del sol que se llevó a los cielos,

en gloria envuelve aquel dolor profundo;

y en medio de tan graves desconsuelos

al planeta del circulo segundo

igualó el pensamiento, que en su idea

con terrestres memorias cielos vea.

 

   De aquel excellentíssimo Duarte,

hermano vuestro, qué diré sin miedo,

por més que amor me ayude, enseñe el arte,

pues a su proporción tan lejos quedo?

Después que por él tuvo en vós tal parte

la ilustrísima casa de Toledo,

mis musas hacen más alegre salva

al alto nombre de Oropesa y Alba.

 

   Qué hipérbole no fuera corto y vano,

si su valor encarecer quisiera?

Porque vos solo fuérades su hermano,

Y él también solo vuestro hermano fuera;

en fin, de vuestro nombre lusitano

toda Europa, señor, reyes espera,

y España, por los suyos venturosa,

agradecida más y más gloriosa.

                              (vv.665-88)

Neste poema, Lope de Vega não resiste à tentação de associar os dois Duartes, tio e sobrinho. Mas neste momento interessa salientar que existiram contactos entre  D. Duarte de Frechilha e os poetas da época, e parece pertinente a afirmação de que teria sido amigo de Lope de Vega, também autor de uma Arcádia onde, segundo Edwin S. Morby [16] Anfriso é o pseudónimo atribuído a D. António, Duque de Alba, o mecenas de Lope na altura (e em que o próprio Lope aparece sob o nome de Belardo).

      O outro D. Duarte de Bragança o protagonista da História do Infante D. Duarte... de José Ramos-Coelho [17] é filho de D. Teodósio II e Ana Velasco [18]. Nascido a 30 de Março de 1605, e sendo o segundo varão da Casa de Bragança tem, automaticamente, direito ao título de Duque de Guimarães de que despoja seu tio e padrinho D. Duarte de Frechilha. Será já este o primeiro elemento que pode levar à confusão entre as duas personalidades. Esta é ainda alimentada pelo relacionamento privilegiado que parece ter sido o de ambos, já que este sobrinho é um dos principais herdeiros do tio [19].

      Para além disso, a secundaridade relativamente ao título brigantino partilhada por ambos, alimenta no sobrinho como já o fizera relativamente ao tio a esperança de um dia vir a ocupar uma posição de primeiro plano. No caso do Frechilha, como atrás é referido, esta esperança é destruída pela descendência de D. Teodósio; no caso de D. Duarte é ameaçada pelo casamento de seu irmão mais velho, D. João (em 1632):

Então o Infante D. Duarte, que se via menos poderoso, ainda que não menos estimado, começou a conhecer quão grande pobreza era fazer thesouro de vontades alheas. Via-se com Real sangue e sufficiencia capaz de poder começar a valer por si mesmo, e com a necessidade de valer, pelo que­ valesse. [20]

      Após alguns conflitos com sua cunhada D. Luisa de Gusmão que o acusa de estar apaixonado por uma criada menor, D. Duarte de Guimarães deixa a casa de seu irmão primogénito, e vai viver com D. Alexandre (seu outro irmão, já que seu tio Alexandre morrera em 1608) para a Quinta dos Peixinhos, propriedade de Francisco de Lucena. Em 1634 deixa Vila Viçosa, acompanhado do seu aposentador-mor Francisco de Sousa Coutinho:

...desejando juntar à grandeza do seu altíssimo nascimento acções que lhe grangeassem o nome, que o seu valor lhe prometia no nobre exercício da guerra... [21]

Determina, então, servir, na guerra que ficou conhecida como dos Trinta Anos, ao Imperador Fernando II. Chega incógnito a Madrid, onde se detém apenas por 12 dias. É bem recebido na Alemanha, e o imperador trata-o como Príncipe Livre e Grande de Espanha o que vem a suscitar um protesto de D. Inigo Vellez Ladrón de Guevara, 6º. Conde de Onhate, Embaixador Extraordinário do Rei Católico  naquela corte. A viagem de D. Duarte prossegue por Itália (Milão) onde chega a 28 de Agosto de 1634. Em 9 de Setembro do mesmo ano está em Insbruck, e a 18 chega a Nusterf, perto de Viena. Regressa a Lisboa apenas em 1638, após a Revolta de Évora. Em 20 de Outubro está, quase incógnito, em Vila Viçosa (não apresenta os seus cumprimentos a nenhum dos governantes ou superiores hierárquicos). Será neste momento que terá sido aliciado a candidatar-se à futura ocupação do trono, o que recusa, partindo para Lisboa em 23 de Novembro do mesmo ano, para apanhar ainda o navio que o trouxera. No momento da Restauração D. Duarte, como já referido, encontra-se na Flandres, onde, devido a denúncia de seu companheiro, D. Francisco Coutinho, é preso, e depois levado a Milão, onde é executado em 1649 [22].

[] H.B.[]


[1] Segundo D. Francisco Manuel de Melo, D. Teodosio, Duque de Bragança, Livraria Civilização Editora, Porto, 1944,­ p.141.

[2] Ibid., p. 145.

[3] António Caetano de Sousa, História Genealógica da Casa Real Portuguesa, Coimbra, 1738, Vol.IV,­ p.375.

[4] Op. Cit., p. 142.

[5] Op. Cit., Vol.VI,­ p.117.

[6] Ibid., Vol.VIII, p.2.

[7] D. Francisco Manuel de Melo, Op. Cit., p.144-45.

[8] António Caetano de Sousa, Op. Cit. , Vol.VI, p.180.

[9] Damião de Góis, na Chronica do Príncipe Dom Ioam... , insinua que na sua infância, o filho do rei – o príncipe D. Afonso – estaria retido em casa de sua avó materna, no paço de Vila Viçosa, contra a vontade do pai. Faz ainda coincidir as festas de promessa de casamento do infante em Setúbal (que teria pouco mais de quatro anos de idade) com o assassinato de seus tios.

[10] Esta suposição baseia-se na carta dedicatória de A Corte na Aldeia de Francisco Rodrigues Lobo ao "Sr. D. Duarte, Marquês de Frechilha e de Malagam", datada de Leiria, em 1 de Dezembro de 1618: «e até V. Excelência, que, na (Corte) de Espanha, podia aventajar toda a sua grandeza, escolheu para morada essa cidade de Évora... cujos caídos muros e edifícios, desamparados paços e incultos jardins parece que, agradecidos à assistência e favores de V. Excelência, ressuscitam agora;... Com a mesma confiança busca a V. Excelência esta Corte na Aldeia... para que V. Excelência a ampare como protector da língua e nação Portuguesa.» p.1-2.

[11] Rodrigues Lobo dirige-se-lhe já por este título.

[12] D.Francisco Manuel de Melo, Op. Cit., p.143.

[13] Ibid., p.145.

[14] Encontra-se em Lope de Vega um soneto celebrando este acontecimento: «En la Entrada del Serenissimo Principe de Gales - Arco divino, que, en color celosa/ Iris del Cielo de la Grã Bretanha, despuéd de tanta tempestad, España/ Te mira en breve esfera luminosa// hijo del gran Neptuno y de la hermosa/ reina del mar en su cerviz montaña,/ Donde la selva Calidonia baña/ eterna de cristal corona undosa// tú que en cielo portátil partes solo/ luz ­con el sol, en paz amor y celo/ triforme resplandece en nuestro polo;// dilata esmaltes al celeste velo/ que en darte su lugar promete Apolo/ que nuestra luna ilustrar  tu cieloin La Circe, apud. Obras Poéticas, Editorial Planeta, Barcelona, Madrid, 1985, p.1307.

[15] "Descripción de La Tapada – Insigne Monte y Recreación del Excellentíssimo Señor Duque de Berganza" in La Filomena, Op. Cit., p.704-25. - publicado em Madrid em 1628.

[16] "Introdução" à Arcadia de Lope de Vega e Carpio, Editorial Castalia, Madrid, 1975, p.12 e 55.

[17] José Ramos-Coelho, História do Infante D. Duarte irmão de El-Rei D. João IV, Typographia da Real Academia das Sciências, 3 vols., Lisboa, 1889, 1890, 1920.

[18] Filha de D. João de Velasco, 7º. Condestável de Castela e Leão, Camareiro-mor de Filipe III e seu Copeiro-mor, membro do Conselho de Estado e Presidente do de Italia, 3º. Duque de Frias, 7º. Conde de Haro e de Castel Novo, Senhor das Casas de Velasco e dos Sete Infantes de Lara; e da Duquesa D. Maria Girón, filha de D. Pedro Girón, 1º. Duque de Ossuna, bisneta de João Afonso de Gusmão, 4º. Duque de Medina-Sidonia, irmão da Duquesa de Bragança D. Leonor de Mendonça, que foi mulher do Duque D. Jaime. in António Caetano de Sousa, Op. Cit . VI, 1951, p.209.

[19] No seu testamento de 27 de Maio de 1627, o Marquês de Frechilha deixa a D. Duarte de Guimarães uma capitania no Brasil, bem como uma terra no limite de Sta. Iria, nos termos de Lisboa, menos a parte que doara ao Lic. João Mendes. in José ­Ramos-Coelho, Op. Cit. , vol.I, p. 78.

[20] Ibid., p.326.

[21] Ibid., p.327.

[22] Não será de estranhar o pouco esforço que seu irmão, o rei D. João IV, terá feito para que fosse libertado, se se considerar a proposta feita a D. Duarte pelos revoltosos.

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